A chegada ao Brasil:
Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não
sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim,
o culto foi preservado no Brasil pelos sacerdotes sobreviventes e
Oxóssi se transformou em um dos orixás mais populares, tanto no
Candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na Umbanda, onde é
patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.
Nas sete linhas de Umbanda, o Trono do Conhecimento;
Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na Umbanda.
Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores,
incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos,
elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes. Seus instrumentos
de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É
um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o
caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único
disparo, tamanha a precisão.
Oxóssi é a expansão dos limites, do seu campo de ação, enquanto a caça é
uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o
conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás
ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas,
cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata,
trazer tanto a caca quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que
localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer
uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão
de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os
outros membros da tribo que a instalam neste novo lugar. Assim, Oxóssi
representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Apesar de
ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para as mais diversas
necessidades da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá,
os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho
e desemprego. Afinal, a busca pelo pão de cada dia, a alimentação da tribo,
costumeiramente cabe aos caçadores. Por suas ligações com a floresta, pede-se a
cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual
e material.
É o caçador por excelência, mas sua busca visa o conhecimento. Logo, é o
cientista e o doutrinador, que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos
fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso.
O Orixá Oxóssi é tão conhecido que quase dispensa um comentário. Mas não
podemos deixar de fazê-lo, pois falta o conhecimento superior que explica o
campo de atuação das hierarquias deste Orixá regente do polo positivo da linha
do Conhecimento. O fato é que o Trono do Conhecimento é uma divindade assentada
na Coroa Divina, é uma individualização do Trono das Sete Encruzilhadas e em
sua irradiação cria os dois polos magnéticos da linha do Conhecimento. O Orixá
Oxóssi rege o polo positivo e a Orixá Obá rege o polo negativo.
Oxóssi irradia o conhecimento e Obá o concentra.
Oxóssi estimula e Obá anula. Oxóssi vibra conhecimento e Obá
absorve as irradiações desordenadas dos seres regidos pelos mistérios do
Conhecimento. Oxóssi é vegetal e Obá é telúrica.Oxóssi é
de magnetismo irradiante e Obá é de magnetismo absorvente.
Oxóssi está nos vegetais e Obá está em sua raiz, como a terra fértil onde eles
crescem e se multiplicam. Oxóssi é o raciocínio hábil e Obá é
o racional concentrador.
Fonte: Jornal Nacional de Umbanda
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