quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Oração a Ganesh

 
 
Gaṇapati, proteja-me. 
Que Gaṇapati proteja àquele que fala. 
Que proteja àquele que escuta. 
Que proteja àquele que dá. 
Que proteja àquele que sustenta. 
Que proteja àquele que ensina conforme aprendeu. 
Que proteja o discípulo. Da mesma forma, 
que proteja o que está atrás, 
que proteja o que está na frente. 
Igualmente, proteja o da esquerda, proteja o da direita. 
Dessa forma, que proteja o de cima, que proteja o de baixo. 
Proteja-me totalmente, por todos os lados.

Namastê

Lord Ganesh



O hinduismo é tão rico e tão variadas são suas manifestações que a gente quase poderia dizer que são... muitos! A religião de 80% dos hindus é tão cheia de cores, de símbolos, de histórias, de imagens, que já foi comparada a uma floresta tropical exuberante, onde as memórias ancestrais se misturam em infindáveis camadas à experiência cotidiana dos rituais religiosos.
E talvez porque sejam tantos os deuses desta religião cujas raízes a gente encontra vagamente em algum momento por volta de 1500 aC, a festa parece não ter fim... e algumas duram mais de uma semana!
É o caso de um dos deuses favoritos dos hindus e, com certeza, a mais simpática das criaturas alimentadas da imaginação humana: Ganesh, o gorducho deus meio menino, meio elefante, de muitos braços e que chega cavalgando... um ratinho! Ganesh Chaturthi, o festival de Ganesh acontece todos os anos no quarto dia da Lua Cheia de Bhadrapada, que para nós acaba coincidindo com o mês de setembro... e são dez dias de festa nas ruas da Índia!
Cabeça de elefante? Por quê? São muitas as histórias que contam como Ganesh perdeu sua cabeça. Eu adoro a que está no livro Ka, de Roberto Calasso. Lá estava Parvati, a bela "filha das montanhas" esposa de Shiva, o deus dançarino que cria e destrói o universo. E estava só no leito que compartilhava com o marido. Por que ele havia de deixá-la para amar outros seres, criar ou destruir outros aspectos do mundo? E disse: "Vou ter um filho, por capricho".
Lentamente passou pelo corpo um óleo perfumado, misturando-o ao suor, às escaras da pele. Com raiva passava as palmas da mão no ventre, nas pernas, nos seios. Quase se arranhava, para não perder o mínimo de resíduo. Colheu um grumo de matéria, do qual nasceu Ganesh.
Siva estava contrariado e, certo dia, vendo Ganesh barrar a entrada do quarto de sua mãe, decepou-lhe a cabeça com fúria. Imediatamente, diante de Parvati emudecida de dor, ele deu-se conta do afeto que tinha pelo menino. E convocou seus "ganas" para que fossem atrás da cabeça de Airavata, o elefante do deus Indra. E voltaram com ela, depois de uma grande luta, na qual uma das presas do animal quebrou-se. Siva então, com cuidado de artesão, moldou a cabeça do velho e sábio elefante no corpo de Ganesh. E ordenou que dali em diante, ele fosse invocado antes do início de qualquer empreendimento humano. 
Parvati acompanhava tudo com o olhar dulcíssimo. Sabia com quanta perspicácia Shiva realizava a delicada operação. E, subitamente, pensou que só agora seu filho seria verdadeiramente ele mesmo. Desde esse dia, não teve mais medo da solidão.
Foi para ele que ela ditou todas as histórias do mundo (o Mahabharata). E ele escrevia, escrevia, agachado a seus pés...
Quer época mais linda para reverenciar o deus dos inícios do que esse finzinho de inverno já com as cores da primavera?
E se realmente quiser entrar no clima da festa, prepare um doce. Um pudim, por exemplo. Saboreie pensando em Ganesh. Este deus gorducho carrega na enorme barriga todas as dores dos homens e na mão estendida oferece um modaka, para lembrar que o caminho espiritual é árduo, mas é muito, muito doce...
Ganapathi Bappa Morya, Purchya Varshi Laukariya (Ó senhor Ganesha, venha de novo até nós, bem cedo, no ano que vem!)

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Bambu - Simbolo do Reike

 
 
O bambu foi no Japão um dos elementos principais da pintura da época Sung
(8ª dinastia). Ali, a pintura do bambu tornou-se não apenas uma arte, mas um exercício espiritual. Junto com o pinheiro e a ameixeira, o bambu serve para afugentar as más influências, como também é considerada uma planta de bom augúrio. As artes marciais japonesas e chinesas o usam como arma, acima de tudo para fortalecimento do espírito, traçando paralelos entre suas características principais como resistência e flexibilidade, afinal ele se verga ao vento, mas não se parte ou é arrastado por ele. Sua retidão inigualável, sua resistência e inteireza, assim como seu elan disposto em direção ao céu e o espaço vazio entre seus nós, que para os budistas simboliza a vacuidade do coração, fazem do bambu o símbolo perfeito do Reiki, conforme podemos notar nos logotipos da "Reiki Alliance" e de outras entidades ligadas a esta milenar arte de curar.

A HISTÓRIA DO BAMBU
Por Luciano Gomes Marinelli (baseado na lenda chinesa do bambuzal)

O senhor das terras do leste foi ter uma conversa com o bambu.
Lá chegando, viu que ele era enorme, verde, forte e absoluto.
Ajoelhou - se perante o bambu mais forte, grosso e viçoso e disse em tom firme:
- Bambu, és meu amigo, meu irmão e meu aliado ?
- Sim, mestre !
- Bambu, eu preciso cortar a tua carne !
- Sim mestre, corte - me as folhas !
- Bambu, eu preciso cortar sua cabeça e pernas pois preciso de teu corpo !
- Se assim desejas, pode podar - me e arrancar - me do solo, meu senhor !
- Preciso agora dividi-lo ao meio e retirar os teus ossos !
- Pois bem, meu senhor, corte - me ao meio e retire de mim os elos e me deixe por inteiro, oco.
- Bambu, tu és forte e corajoso ? Tu és humilde ?
- Sim, mestre; e como sou ! Floresço, cresço rápido, faço com que o vento sussurre por entre minhas flores, sirvo de morada para alguns animais, e sinto que devo servir a vós!
- Pois bem, bambu. Quero a maior parte de você agora.
- Quero o seu coração!
- Mestre, já cortou a minha carne, separou meus membros, partiu - me e drenou minhas forças. Agora estou morto e vossa senhoria quer meu coração? Se é de sua vontade, que assim seja feito.
O mestre então, disse:
- Vou levar - te daqui, separar - te em pequenas partes e estendê-lo pelo vale. Você nunca mais verá teus amigos e ficará só, sujeito ao sol, a chuva e a ação do tempo.
O bambu emudeceu e a vontade do mestre foi cumprida.
O mestre uniu as partes do bambu, fazendo uma grande calha que levaria a água do rio até a parte que sempre era assolada pela seca.
Concluída a sua engenharia, meses depois o solo floria com variadas espécies de hortaliças, flores e frutos. O vale seco e triste, agora era lindo e cheio de vida.
O mestre, feliz, ajoelha - se então a calha feita com o bambu e diz:
- Meu amigo, entendeu agora porque eu precisava mais que tudo de seu coração?
O bambu que permaneceu calado durante os meses, agora cheio de felicidade, vendo que ali estava o seu coração junto com o de seu mestre, soube que sem ele nada daquilo possível.
Com o seu coração fez brotar vida e vida em abundância...


fonte: Núcleo de Meditação e Estudos do Portal Arco Íris
Apostila de Reriki nível I